#CoisasDeCalambau
por: Murilo Carneiro
“Folia de Reis é um festejo de origem portuguesa ligado às comemorações do culto católico do Natal, trazido para o Brasil ainda nos primórdios da formação da identidade cultural brasileira, e que ainda hoje mantém-se vivo nas manifestações folclóricas de muitas regiões do país". (Disponível em:pt.wikipedia.org/wiki/Folia de Reis).
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Artista: Marisa Vidigal Obra: Festa do Divino |
É uma alusão à visita dos três reis magos Melchior, Baltasar e Gaspar que, segundo a tradição católica foram guiados por uma estrela até o local do nascimento de Jesus e lhe ofertaram ouro, incenso e mirra.
O povo de Calambau mantinha essa tradição que, embora tenha sido esquecida por algum tempo foi, recentemente, retomada somando-se ao grupo de Congadas .
Seria interessante que o nosso calendário religioso voltasse a incluir a tradicional Festa do Rosário, que em outras épocas era celebrada com grande pompa. Em Brás Pires, Senhora de Oliveira, Pinheiros Altos e Bacalhau (Distritos de Piranga), para citar apenas a vizinhança, essa tradição ainda é mantida.
Na década de 50, na Cachoeira do Jurumirim, zona rural de Calambau, o Sr. José de Lima Ramalho liderava um grupo de Folia de Reis muito animado. Nesse grupo havia um palhaço muito interessante que era interpretado pelo Bené Tito. Violões, cavaquinhos, sanfonas, tambores e pandeiros compunham a parte musical. O grupo visitava as residências da Cachoeira, Quenta Sol e Baía.
Na década de 60, o Sr. Zé de Lima Ramalho tentou reerguer o grupo. Em uma nossa conversa, ele forneceu-me uma relação dos instrumentos musicais necessários para formar o grupo. Com o seu falecimento a idéia não vingou.
O grupo da Folia que ressurgiu em Calambau teve como participantes: Luiz Paulino, José Antônio Ramalho, João Barrinha, Pedrinho Guimarães, Jacinto de Cute, João Lopes, Teixeirinha e Geralda Sabino.
Eles visitavam as casas, das dezenove às vinte e duas horas, com os seus cantos e batuques, sempre acompanhados por várias pessoas. Entravam nas casas, cantando, e entregavam o estandarte com a estampa do Menino Jesus à dona da casa. O palhaço ficava dançando e arrecadando as contribuições da família. Depois de um certo tempo, eles partiam em direção a outras residências.
O pessoal sabia que a Folia estava se aproximando, ao ouvir o seu tradicional canto:
“Ó Senhora dona da casa, abre a porta e acende a luz, abre a porta e acende a luz”.
É importante que as nossas tradições, nosso folclore e nossa história, sejam preservados, pois tudo isso faz parte da nossa cultura.
Embora tenhamos perdido o bicentenário nome de nossa terra por um golpe que manchou a nossa história, temos certeza que, com o passar do tempo, esse erro será reparado.
“O tempo é o senhor da razão!"