por: Murilo Carneiro
Lá já se vão cerca de 60 anos... Cenário: Fazenda Bahia em Calambau. Férias de fim de ano, verão bravo, sol a pique, janeiro. Adolescentes à procura de diversões. Passar uma semana na fazenda do tio Zé Carneiro era o que todos queriam.
Época de poucas porém saudáveis opções de lazer, andar a cavalo para pegar o rebanho no pasto, nadar no Rio Piranga, banhos de cachoeira, jogar “peladas” em campos de várzea.
O Muvica, de férias das aulas de Pinheiral (RJ), promovia todas elas. Final de semana, domingo de manhã. O futebol era o passatempo predileto mas necessitava de 11 para cada lado e não era fácil conseguir entre primos e empreiteiros da fazenda. Aí, entrava a criatividade do Muvica: vamos chamar as meninas e completar os times. Assim, Murilo colocava em campo Ilma, Neide, Ivone e a pequenina Maristela, já que Marília não se interessava muito pelo esporte. Orientava-as para jogar na defesa já que tinham pouca experiência de futebol. Era um futebol misto: homens e mulheres, coisa raríssima de acontecer até nos dias atuais. E, para animar mais o jogo o Murilo já havia passado no armazém do Sérvulo e comprado um vinho barbera docinho que era colocado em uma mina para, ao final da partida, gelado, ser degustado pelos
jogadores, com prioridade para os vencedores.
Assim era o Muvica, animado, dinâmico e criativo. Além da iniciativa do futebol feminino promovia jogos entre a USE e times das cidades vizinhas. Certa vez, ele promoveu um jogo entre a USE e o time do Roberto (Gantino) seu primo e amigo, e na ocasião deu mais provas da sua liderança ao acirrar ânimos e levar a bom termo a partida, além de preparar uma festinha de confraternização regada a cerveja, pinga e refrigerantes, ao final do jogo. São cenas como estas que mantêm o passado vivo em nossa memória. E, são pessoas como o primo Murilo, as responsáveis por estas saudáveis lembranças: pessoas que, por onde passam, deixam um rastro luminoso como estrelas
que se deslocam no firmamento. O Muvica é dez!
Mas, como nada na vida ninguém é perfeito, o danado nunca tira o galo da cabeça!
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Crônica escrita pelo primo e amigo Heitor, filho dos tios Zizinho Peixoto e Nininha. Agradeço ao Heitor as palavras de elogios à minha pessoa, eu as atribuo mais como fruto de sua delicadeza.
