por: Murilo Carneiro
O Eurico que já tivera problemas na sua primeira volta a Calambau, depois de vários anos morando em Dourados-MT, quando foi parar em Presidente Bernardes-SP, agora, resolveu voltar a Calambau, sua terra natal.
No final do ano de 2013, visitou novamente a terrinha. Já que havia comprado um carro novo, resolveu estreá-lo nessa viagem.
Tão logo atravessou a divisa São Paulo/Mato Grosso, não andou muito e avistou, próxima a um trevo, uma placa indicando a estrada para Presidente Bernardes. Foi o bastante para a sua mulher exclamar :-“ Uai, já estamos próximos a Calambau . Como foi rápida a viagem!
O marido retrucou:- este Presidente Bernardes não é o Calambau. Este é o de São Paulo. Foi por isso que fui parar lá, devido a uma confusão dos nomes na rodoviária de São Paulo, quando da primeira vez que voltei a Calambau .
- O Bernardes fez alguma coisa prá lá, a fim de merecer esta homenagem da cidade? perguntou a mulher.
- A única coisa que ele fez foi esconder-se em uma fazenda lá no Chopotó, fugitivo que era. O Bernardes estava fugindo para não ser preso pelos revolucionários, no princípio da década de 30.
Na próxima parada, em um bar, ainda no estado de São Paulo, Eurico ouviu uma pessoa pedindo uma “cachaça de presidente”. Sabendo da fama da cachaça de Calambau, Eurico não se conteve e perguntou ao garçom: -moço, esta cachaça é de Presidente Bernardes em Minas Gerais? O garçom respondeu: - De onde é o presidente eu não sei. Só sei que um presidente gostava de tomar esta marca....
A viagem prosseguiu e já estavam em Minas. Pararam, desta vez, em um restaurante. Tão logo entrou, Eurico ouviu um senhor dizer que estava saindo para presidente. Desta vez Eurico não teve dúvida. Alguém estava indo para Presidente Bernardes. Aí, ele perguntou: -Você esta indo para Calambau, também conhecido por Presidente Bernardes? - Que isso, moço! Eu estou saindo para candidatar-me a presidente do principal clube de futebol desta cidade. Dito isso, o homem foi saindo...
E o Eurico pensando : - P.Q.P., não acerto uma com esse Presidente Bernardes!
Continuaram a viagem sem nenhum outro contratempo. Já quase chegando, passando por Piranga, um senhor fez sinal para o Eurico, pedindo-lhe uma carona. Mesmo não conhecendo o senhor, Eurico deu-lhe carona. Já no carro, Eurico ficou sabendo que o caroneiro era um Padre.
Na conversa, o Padre já de uma certa idade, disse que estava indo para Calambau ajudar na festa do padroeiro, que seria no dia seguinte, dia 13 de junho.
- Ah! eu me lembro da festa que o Padre Grossi fazia para o Padroeiro Santo Antônio de Calambau, disse o Eurico. Era uma festa muito bonita. Será que estão dizendo agora, Santo Antônio de Presidente Bernardes?
- Nem pensar... disse o Padre. Se você disser isso perto do andor de Santo Antônio, ele será capaz de descer e lhe dar um “puxão de orelhas”...
O Padre e o Eurico deram boas gargalhadas...
Chegaram a Calambau. O Padre foi para a casa paroquial e o Eurico, já na Praça Cônego Lopes, arriscou um olhar para a imagem de Santo Antônio na torre da Igreja.
Eurico jura que o santo estava sorrindo e ainda deu uma piscadinha de olho...