Os sinos e os sineiros da Matriz

#CoisasDeCalambau
por: Murilo Carneiro

Impressionante é a voz do sino. No chamado para as missas, rezas, casamentos, batizados e outras festas religiosas, o seu som nos soa alegre. Quando badala anunciando um sepultamento ele emana um som triste. Parece até que ele possui alma, tal a sua sensibilidade de se comunicar através do som. Dizem os especialistas que não existe nenhum sino com uma única tonalidade de som.Tal tonalidade “nasce” desde a fundição do bronze para a sua fabricação.

Antigamente existia aqui os “sineiros”, tarefas atribuídas geralmente aos sacristãos. Por ouvir dizer, um dos mais famosos foi o Zé de Deus. Este, era do tempo do Padre Chiquinho. Ajudava o Padre em todas as tarefas, da casa Paroquial à Igreja. Repicava, como ninguém os sinos. Na entrada (primeiro badalar meia hora antes da Missa) e na entradinha (segundo badalar quinze minutos antes.)

Só não era muito pontual quando a missa dominical, marcada para as dez horas aos domingos,tinha que ser atrasada se o Sr.Francisco Borges e senhora, moradores da fazenda Itajurú, atrasassem também a chegada à Vila de Calambau , pois vinham à cavalo..É lógico que isto era com autorização do Padre.

Depois de 1940, quando veio para aqui o Padre Grossi, no meu tempo de menino o sacristão era o Zé Abrão (Abraão). Este não levava muito a sério as suas funções, deixava que os acólitos (coroinhas) tocassem o sino, mas sempre com a sua supervisão.De vez em quando costumava provar um pouco do vinho que ficava escondido na sacristia.Uma das funções dos sacristãos era de cuidar do cavalo da paróquia,pois naquele tempo os padres viajavam á cavalo. Tais viagens, geralmente para o meio rural, eram para atenderem a um doente em confissão.

Depois do Zé Abrão veio o Sr.Rafael, genro do Sr. Zé Idelfonso. O Rafael ficou aqui por muito tempo. Além de sacristão era músico,Congregado Mariano e exercia diversas funções na Paróquia.Depois do Sr Rafael passaram vários sacristãos pela paróquia, mas todos por pouco tempo.

Com o aparecimento dos Ministros da Eucaristia, muitas destas funções passaram para eles.

Quando da inauguração da Igreja em 1953, os sinos passaram a serem tocados diretos da sacristia, elétricos, por teclados. Estes sinos reproduziam várias músicas sacras.Não funcionou muito tempo,pois eram constantes os defeitos que surgiam. Os sinos então voltaram a serem tocados manualmente, pela forma original, e pelo que parece, com mais “alma”...