#CoisasDeCalambau
por: Murilo Carneiro
Tudo começou na segunda metade do século XVIII. No local onde antes habitavam os índios Botocudos, começaram a chegar os exploradores do ouro.
Começava assim a ser formado um povoado, habitado por muitos “senhores do garimpo” e seus escravos. Nasceu o então povoado de Calambau.
Dentre os que aqui chegaram, estava o casal Ana Cabral da Câmara e o seu marido Antônio Álvares Ferreira, ambos vindos de Mariana, ela marianense, ele português.
Por ser um casal católico e sendo Santo Antônio, o seu santo de devoção, por iniciativa de Dona Ana, foi construída, em 1733, uma pequena capela na parte alta do povoado, no morro do Santo Cruzeiro. A Capela foi dedicada ao Santo que a partir daí tornou-se o nosso padroeiro “Santo Antônio”.
Mais tarde, em 1775, devido ao aumento da população, foi necessário a construção de uma nova Igreja, que comportasse os fiéis. Mais uma vez prontificou-se a Dona Ana Cabral, a construí-la, desta vez em um local mais espaçoso, já circundado por algumas residências, inclusive a sua fazenda, local este que passou a ser chamado de largo da Matriz, hoje Praça Cônego Lopes.
A Igreja como podemos observar, sempre caminhou lado a lado com o desenvolvimento da comunidade, tanto no apoio espiritual como também ensinando a prática do bem viver em comunidade.
Todos os Padres que por aqui passaram deixaram a marca de seus trabalhos, porém os que ficaram mais tempo em nossa paróquia puderam moldá-la aos procedimentos de um bom cristão. Dentre estes destacamos:
Padre Francisco Lopes da Silva, o Padre Chiquinho. Foi o que mais tempo exerceu aqui o paroquiato. Foram quarenta anos, desde a sua chegada em 02 de setembro de 1900 até 20 de abril de 1941.
Logo que aqui chegou despertou a população para a prática da religião, para tanto, iniciando as suas atividades, com auxilio de alguns missionários promoveu aqui as “Santas Missões”, ocasião em que a população que estava um pouco afastada dos atos religiosos, aderiu às mesmas através das pregações,confissões, comunhões, casamentos e batizados.
Padre Chiquinho foi um grande incentivador do progresso no distrito:
-Na agricultura incentivava a formação de hortas, pomares, plantio de culturas regionais (milho, feijão, arroz, principalmente), criação de animais para a produção de carne, leite e ovos. Chegou,na década de 30, a trazer um agrônomo para ministrar palestras para os agricultores, ensinando-lhes a melhor maneira de trabalhar a terra.
-Por ocasião da “gripe espanhola”,em 1918, fez com que a população do distrito, que tivesse parentes na zona rural, fosse morar temporariamente com estes, a fim de evitar o contagio da doença. Com esta ação ele salvou muitas vidas.
-Através de mutirões melhorou o acesso às cidades vizinhas, alargando um pouco as precárias estradas existentes e construindo pontes.
-Graças à sua intercessão junto à Prefeitura de Piranga, conseguiu que a energia elétrica gerada em Senhora de Oliveira chegasse até ao nosso Distrito, sendo inaugurada em 1º de outubro de 1933.
- Por haver recebido, por doação do famoso laminense, Prof. Napoleão Reis, vários livros, criou a Biblioteca Paroquial.
Padre José Nicomedes Grossi- Sucedeu ao Pe. Chiquinho. Sua posse em nossa Paróquia foi no dia 20 de abril de 1941. Nasceu em São Caetano do Xopotó, hoje Cipotânea no dia 15 de setembro de 1915. Em nossa Paróquia passou vinte e dois anos, vivendo em Deus e por Deus, provocando a admiração de todos os seus paroquianos.
Continuando os bons exemplos de seu antecessor, o Padre Grossi estimulava os católicos a exercerem a sua fé e os estimulavam também a praticar o bem comum, visando o progresso da comunidade.
Incentivou a criação das escolas rurais. Foi Inspetor das Escolas Reunidas Cônego Francisco Lopes. Continuou dando apoio à Corporação Musical Santo Antônio. Ampliou a biblioteca paroquial e incentivou o nosso teatro. Muitas e muitas atividades fez com que o Pe.Grossi, no comando de nossa Paróquia deixasse a marca de um profícuo sacerdote.
De todas as suas obras, o que mesmo marcou a presença do Padre Grossi em nossa comunidade foi a construção do templo, dedicado ao nosso Padroeiro Santo Antônio. Templo este, um dos maiores e mais belo do nosso estado.
Foi merecedor da plenitude do sacerdócio, quando Sua Santidade o Papa João XXIII, no dia 1° de setembro de 1962, houve por bem elegê-lo Bispo de Bom Jesus da Lapa, no estado da Bahia, incluindo o seu nome no catálogo dos Príncipes da Igreja Católica.
Padre Vicente de Carvalho-Embora tenha ficado por pouco tempo entre nós, aqui plantou, a par de suas atividades pastorais, uma semente que frutificou e hoje é uma grande árvore que distribui os frutos do saber: No início foi o Ginásio Municipal Santo Antônio e hoje é a Escola Estadual Padre Vicente de Carvalho.
- Padre Theophilo Lopes de Andrade- Ficou aqui por algum tempo, mas foi o suficiente para implantar em nossa Paróquia as Comunidades Paroquiais, como já havia feito em Porto Firme.
Com o apoio de nosso Pároco atual, Padre José Geraldo, estas comunidades estão em grande atividade, tanto no meio rural como na cidade.
Padre Dário- Teve também presença marcante em nossa comunidade, tanto no grande apoio às comunidades rurais como na reforma total de nossa Igreja. Substituiu todo o telhado e reformou as pinturas da mesma.
Pelo que observamos a interação entre a Paróquia e a nossa comunidade foi muito grande, o que muito contribuiu para a formação moral e religiosa de nosso povo, bem como o seu desenvolvimento.
Podemos também afirmar que, pela ação dos sacerdotes que dirigiram a nossa Paróquia, ficou demonstrado que a Igreja é o amigo que nunca trai, o braço que nunca se esquiva e a porta que nunca se fecha. Todos eles se preocuparam com o desenvolvimento de seus paroquianos, quer no setor material, como na intelectual e religiosa.
E a julgar pela atuação do nosso atual Pároco, Padre José Geraldo, a nossa Paróquia continuará sendo abençoada por Deus, através de nosso querido padroeiro Santo Antônio.
